Primeira bactéria que contraímos quando bebês pode nos proteger contra infecções, diz estudo
Pesquisa britânica revela que bactéria adquirida na primeira semana de vida pode reduzir risco de internações por infecções respiratórias
Internacional|Do R7

Pesquisadores do Reino Unido descobriram que uma bactéria contraída pelos bebês na primeira semana de vida pode, na verdade, ser boa para a saúde. De acordo com eles, a Bifidobacterium longum, encontrada no intestino dos recém-nascidos, pode ajudar o organismo a se proteger contra infecções respiratórias.
A descoberta, conduzida por cientistas da Universidade College de Londres (UCL) e do Instituto Wellcome Sanger, foi publicada na última quarta-feira (4) na renomada revista científica The Lancet.
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O microbioma — o conjunto de micróbios que habitam nosso corpo — começa a se formar logo após o nascimento. Ele é essencial para o desenvolvimento do sistema imunológico, porque ajuda o corpo a distinguir entre micróbios benéficos e ameaças, como vírus.
Este estudo, segundo os cientistas, é o maior já realizado no Reino Unido sobre o microbioma de bebês e o primeiro a estabelecer uma relação entre a composição bacteriana inicial e a proteção contra infecções respiratórias.
Os pesquisadores analisaram amostras de fezes de 1.082 recém-nascidos na primeira semana de vida, utilizando uma técnica chamada sequenciamento metagenômico, que mapeia o DNA de todos os micróbios presentes ali.
Eles acompanharam essas crianças por dois anos, utilizando registros hospitalares para verificar internações por infecções do trato respiratório inferior, como as causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de hospitalização em crianças pequenas.
Os resultados mostraram que bebês com uma presença significativa da bactéria Bifidobacterium longum no intestino tinham apenas 4% de chance de serem internados por infecções pulmonares nos dois primeiros anos de vida.
Em comparação, crianças com outras bactérias iniciais apresentavam um risco de duas a três vezes maior. “É incrível poder mostrar isso. Estou animado”, disse o professor Nigel Field, da UCL, à rede britânica BBC.
A B. longum é uma bactéria que ajuda a digerir o leite materno. Ela produz compostos que interagem com o sistema imunológico e fortalecem a capacidade dele de combater infecções, de acordo com a pesquisa.
Futuro: probióticos para bebês
Embora o estudo seja observacional e ainda precise de mais pesquisas para confirmar a relação causal entre a bactéria e a proteção do organismo, os cientistas estão otimistas. Eles acreditam que as descobertas podem levar ao desenvolvimento de terapias microbianas, como probióticos infantis, que ajudem a fortalecer o microbioma de recém-nascidos.
“No futuro, poderemos criar intervenções personalizadas que otimizem o microbioma intestinal de uma criança, promovendo melhor saúde”, disse o Trevor Lawley, do Instituto Wellcome Sanger, em um comunicado.
“A infecção viral do trato respiratório inferior é uma das principais causas de hospitalização em crianças pequenas, e nossa pesquisa levanta a possibilidade de que certas composições iniciais do microbioma intestinal podem ajudar a reduzir esse risco”, acrescentou Cristina Garcia-Mauriño, primeira autora do estudo.
Os pesquisadores planejam continuar investigando o tema. A meta é desenvolver estratégias preventivas, como probióticos em forma de iogurte ou outras terapias, que possam ser istradas nos primeiros dias de vida para proteger bebês contra infecções e outras doenças.
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