Gripe Aviária no RS: produtores e frigoríficos tentam evitar queda nos preços de frangos e ovos
Ministro da Agricultura enfatiza que risco de contaminação humana por gripe aviária é muito baixo.
Com o primeiro foco de gripe aviária em granja comercial no Brasil confirmado, as autoridades sanitárias implementaram um rigoroso controle na região de Montenegro (RS).
Em meio ao caos da doença, o Governo Federal informou organizações internacionais, países importadores, avicultores e frigoríficos, para minimizar os problemas devido a ocorrência. Ainda incapazes de avaliar a extensão dos danos econômicos que se articulavam.
Se quantificar os prejuízos poucos dias após o anúncio era impossível, pelo menos é possível agir de modo a minimizar os danos.
Embora a gripe se mostrasse cada dia mais próxima, avicultores e frigoríficos brasileiros voavam, pode-se dizer, quase em “céu de brigadeiro”. O país era, até semana ada, o único entre grandes produtores de frango e ovos sem registro de gripe em granja comercial.
Nos primeiros quatro meses do ano, o Brasil exportou mais de 1,86 milhão de toneladas de produtos avícolas, volume 9,5% superior ao do mesmo período de 2024.
Com essa exportação faturou quase US$ 3,5 bilhões, 15,5% mais em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Mas a esperada e temida tempestade chegou.
Manter firme o mercado brasileiro
Em meio as notícias de suspensões de compras e proibições de embarques impostas por protocolos e acordos assinados com grandes importadores de carne de frango brasileira, como a China e União Europeia, analistas e consultores tentam estimar os prejuízos econômicos do setor. Ao mesmo tempo, dezenas de outros países comunicam restrições aos produtos brasileiros, seja de todo território ou da região de foco.

Para manter firme o mercado nacional e explicar as ações do governo para contenção e eliminação do foco no RS, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, enfatiza não haver riscos de contaminação humana pelo consumo de carnes e ovos. Fávaro procura também acalmar produtores dizendo não acreditar em queda de preço da carne de frango.
O ministro se alinha aos produtores e processadores de carne de frango, sob a liderança de Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que também assegurava que o risco da gripe se espalhar para a população é praticamente inexistente.
“A gripe aviária está presente em vários países exportadores e pelo menos nove milhões de toneladas com origem nesses países foram ao mercado internacional”, disse em entrevista. Defender a segurança da carne de frango e ovos produzidos no Brasil tem motivo.
Do total de 15 milhões de toneladas produzidas pelo setor no Brasil em 2024 a parte menor — perto de 35% — foi embarcada para mais de 150 países. Os 65% restantes tem como destino o mercado interno, ou seja, para o consumidor brasileiro.
É preciso tranquilizar a população, freando uma possível diminuição da demanda interna causada por receio de contaminação, o que traria pressão maior sobre preços num mercado que deve absorver agora o excedente que não foi e nem será exportado.
O que ocorreu no ado
Quase duas décadas atrás, quando foram confirmados os primeiros casos de gripe em aves na Europa, havia o temor de contaminação de seres humanos e o consumo caiu rapidamente em vários países. Na ocasião, a confirmação de gripe em ave silvestre encontrada num trecho do litoral da Itália fez as vendas de carne de frango recuarem 70% no país em apenas uma semana.

No Brasil, diante desse cenário, os frigoríficos exportadores com produtos prontos para embarque, granjas em processo de produção e a demanda de exportação em queda, fez com que despejassem frango no mercado interno. No varejo, o frango era comercializado a preços inferiores a R$ 1,00 por quilo.
Em 2006, somente no primeiro bimestre, o Brasil deixou de exportar 50 mil toneladas, o preço médio baixou 30% no mercado interno e outros 16% no Exterior, exportado a US$ 1,27 o quilo, como informava a então Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos).
Consumidor está melhor informado
Os produtores não esperam queda brusca de consumo por conta do foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul:
“Graças às mídias, hoje as pessoas dispõem de boa informação [...] Sabem que não há contaminação de gripe pela ingestão de carne de frango e ovos, e o consumo não diminuirá como ocorreu no ado”, acredita Érico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultores, a APA.
Apesar das suspensões de compras de produtos avícolas brasileiros por mais de 20 destinos, os avicultores ainda não esperam queda abrupta de preços.
No entanto, assim como ocorreu anos atrás, é de se esperar uma oferta maior de frango no mercado interno e a queda de preços no varejo, estimulando o consumo. “Algum soluço no mercado nós teremos e sabemos disso. Mas estamos melhor preparados agora”, ite Pozzer.
✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp