Declaração de Lady Gaga sobre abuso volta a repercutir e levanta questão polêmica
Cantora e atriz comenta sobre marcas que ficaram após a violência sofrida. Realidade é a mesma de milhões de pessoas

A cantora e atriz Lady Gaga — cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta — voltou a ser destaque nas redes sociais após um vídeo em que ela revela ter sofrido abuso sexual viralizar novamente.
A fala de 2018, no Elle’s Women in Hollywood, em Los Angeles, evento que premiou as mulheres que se destacaram no entretenimento, reacendeu discussões sobre a exposição de traumas, os desafios enfrentados pelas vítimas e a importância de se discutir temas tão sensíveis.
“Depois que fui abusada, mudei para sempre. Uma parte de mim se fechou por muitos anos. Eu não contei pra ninguém. E eu sinto vergonha até hoje. Sinto vergonha pelo que aconteceu comigo. Ainda sinto que foi minha culpa”, afirmou a cantora.
Ela foi vítima de estupro aos 19 anos. “Eu tinha 19 anos e trabalhava no ramo, e um produtor me disse: ‘Tire a roupa’. E eu disse não. E eu saí, e eles me disseram que iriam destruir todas as minhas músicas. Eles não pararam, e então eu simplesmente congelei”, lembrou.
A artista mencionou como a experiência impactou profundamente sua saúde emocional, física e profissional.
Realidade triste e comum
Infelizmente, Lady Gaga faz parte de uma multidão que sofre calada, envergonhada, quando quem deveria sentir isso são os criminosos.
O Brasil registrou ao menos 78.463 casos de estupro ao longo de 2024, o que resultou em 214 vítimas por dia. Uma média de nove ocorrências por hora, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Sinesp). Fora os muitos casos de subnotificação.
São crianças, homens e mulheres que vivem com tristezas profundas. Por isso, falar sobre o assunto é importante, assim como buscar ajuda.

Eu sei o quanto é difícil expor esse tipo de crime, mesmo nos dias atuais. Por isso, gostaria de compartilhar que, recentemente, li um livro sobre o tema que me impactou muito: Da Ferida à Cicatriz.
Nele, a autora Márcia Pires conta as consequências que vivenciou após sofrer um abuso sexual na adolescência, como viver com o sentimento de culpa, sentir a rejeição e até sofrer violência doméstica posteriormente.
Ela detalha, inclusive, como os traumas impactaram negativamente seu comportamento — pontos em comum com o que Gaga e tantas outras pessoas que sofreram abuso vivem.
Além disso, o que mais me chamou atenção foi que, no livro, Márcia conta que superou e encontrou uma cura para essa dor invisível e real. Uma ferida antes aberta, dolorosa, que se fechou e cicatrizou.
“O abuso vai tentar te convencer de que você está marcada, mas a verdade é que você ainda é a pessoa de antes. O que precisamos fazer é resgatar essa identidade”, revelou Márcia em entrevista recente à RECORD.
É possível vencer
Quando vivenciamos algo que nos machuca, parece que será impossível vencer aquilo — mas não é. É difícil? Sim, claro. Mas a história da Márcia mostra que é extremamente possível quando aprendemos sobre o verdadeiro valor próprio. E que, quando conseguimos olhar para dentro de nós mesmos, é possível, sim, vencer o que um dia feriu.
Quando vejo uma mulher assim, disposta a abrir o coração para revelar todo o sofrimento que ou, com o objetivo de ajudar outras pessoas a encontrarem o caminho da libertação dessas marcas dolorosas, vejo o verdadeiro empoderamento.
É exatamente isso o que acontece quando lutamos com as armas certas para vencer tempos difíceis: a ferida se torna uma cicatriz. Uma marca que não dói mais e que ainda pode ajudar quem ainda não encontrou a luz.
Porque a vergonha é de quem pratica o mal, nunca da vítima. Essa deve ser nossa luta diária.
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