Ministro da Educação diz que IA deve corrigir provas do Enem ‘daqui a pouco’
MEC vai lançar este ano aplicativo que já usa inteligência artificial para que estudantes possam estudar para o exame
Brasília|Do Estadão Conteúdo

O ministro da Educação, Camilo Santana, acredita que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em breve será corrigido por inteligência artificial. Em entrevista nesta quarta-feira (4), ele afirmou que “não há mais retorno” com relação às novas tecnologias.
“Não tenho dúvida que a tecnologia vai trabalhar isso, com a maior certeza. Daqui a pouco nós vamos conseguir corrigir a prova, vamos conseguir fazer tudo com inteligência artificial”, disse, ao ser questionado sobre a possibilidade da correção do maior exame do país.
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Atualmente, as 180 questões de múltipla escolha são corrigidas por uma tecnologia que lê o cartão resposta com o gabarito, mas as redações am por professores avaliadores. Eles analisam os textos digitalizados, observando critérios como domínio da escrita, argumentação e compreensão da proposta. As notas variam de zero a 1.000.
Segundo Santana, o MEC vai lançar este ano um aplicativo que usa inteligência artificial para que os estudantes possam estudar para o Enem.
“A ferramenta vai tirar dúvida, corrigir, [o aluno pode] fazer questionamentos. A gente precisa usar essas ferramentas, mas nós temos que ter o cuidado porque a inteligência artificial precisa ser voltada para a formação cidadã”, afirmou o ministro, em entrevista à Rádio Eldorado.
Além disso, o MEC tem discutido com o Conselho Nacional de Educação novas diretrizes curriculares que incluam a IA. “Queremos que todo aluno tenha o ao computador, à internet nas escolas, às plataformas digitais, porque esse é o mundo atual, e não haverá mais retorno em relação a isso”, frisou Santana.
As inscrições para o Enem 2025 terminam na sexta-feira (6). As provas serão nos dias 9 e 16 de novembro. Para quem não tem isenção, a inscrição custa R$ 85.
Neste ano, pela primeira vez, alunos do 3º ano do ensino médio da rede pública foram automaticamente pré-inscritos para o exame, precisando apenas validar a inscrição no site do MEC.
Além disso, a prova vai voltar a valer como certificação para quem ainda não concluiu o ensino médio.
Projeto em São Paulo
No mês ado, o Governo de São Paulo anunciou que parte das tarefas dos alunos das escolas estaduais seriam corrigidas por IA, em um projeto piloto. Segundo a Secretaria da Educação, o assistente de correção por inteligência artificial compara a resposta do estudante com a resolução esperada, elaborada por um grupo de professores, e diz se a questão foi respondida de forma correta.
A correção por IA vai ser usada em questões dissertativas, respondidas em um aplicativo da Secretaria da Educação. A gestão atual tem implementado nas escolas estaduais aulas e lições por meio de ferramentas tecnológicas. Em 2023, o secretário Renato Feder anunciou que não mais usaria livros didáticos impressos, mas voltou atrás depois de repercussão negativa.
Mudanças nas regras de educação a distância
Questionado sobre as novas regras para educação a distância no ensino superior, cujo decreto presidencial foi publicado no mês ado, Santana afirmou que ainda está aberto a mudanças.
O ministério tem sido cobrado por entidades sobre ter permitido que alguns cursos da área da saúde, como farmácia, medicina veterinária e fonoaudiologia, possam oferecer parte do currículo a distância. Outros cursos, como medicina, psicologia, enfermagem e odontologia, precisam ser 100% presenciais.
“Claro que tem notas técnicas mostrando qual motivo dessas decisões. Tem também a tradição desses cursos já não serem a distância já há algum tempo, então foram mantidas. Mas eu tenho recebido demandas das entidades de classe, e nós estaremos sempre abertos para fazer correções ou mudanças ou melhorias”, afirmou.
O ministro afirmou que o curso de farmácia, que hoje é permitido semi presencialmente, é um dos que poderiam sofrer modificações, sem detalhar.
Segundo ele, o MEC também vai “deixar mais claro” que, no caso das licenciaturas, terão que ser garantidas 50% das aulas presenciais. O ime se deu porque, apesar das diretrizes curriculares, já aprovadas no ano ado, estabelecerem esse mínimo, o decreto permitiu mais flexibilidade.
As licenciaturas foram incluídas na modalidade semipresencial, que indica que 30% devam ser presenciais e outros 20% do currículo possam ser ofertados a distância, desde que no modelo síncrono (aulas ao vivo).
“Eu defendo que fiquem 50% presenciais. Precisamos dar um foco para garantir uma boa formação”, afirmou o ministro.
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